sábado, 5 de fevereiro de 2011

a pen, a feeling and a part of who I'm not


Em minha cabeça vagam milhões de palavras, dezenas de frases incompletas que eu aqui, agora, sentado, tento completar. Não consigo, confesso. Não desisto, eu tento. De novo e de novo. Em vão. É difícil, as palavras fogem, não voltam, ficam longe. Tão longe que não consigo segura-las, elas escolhem. Não eu. Da minha cabeça saem milhares de frases. Sentimentos, angustias, duvidas, palavras. Que serpenteiam por todo meu corpo, que passam do meu braço para a caneta e da caneta para o papel. Os sentimentos. Minha alma está escrita em papéis, em tantos papéis que não quero contar. Em muitos papéis deixei lagrimas, derramei sangue. E sentimentos. Eu cresci com papéis, com uma caneta, com meus sentimentos impressos nos cantos. E não consigo completá-las. Elas não querem, elas não deixam. Não sou ninguém para obrigá-las, não sou chefe, não sou Deus, não sou rei. Quem sou eu então? Eu, que me perdi numa montanha de palavras, criadas por mim, tiradas a força da minha cabeça, arrancadas do meu braço pela caneta. A maldita caneta. E os meus míseros sentimentos. Quem sou eu então? Eu, revoltado, que jogo longe a caneta e começo a correr. Muito mais longe, muito mais cansado, e me jogo. Quem sou eu afinal? No final não sou mais nada, sou o resto mortal que ainda me resta na queda, sou minhas palavras, sou pura alma agora. Sou meus malditos sentimentos. Sou frases incompletas, discretas, secretas. Sou nada. Nada sou. Nada temo. Nada me resta. E me deparo mais uma vez com o nada. Sempre com o nada. O nada de que é feito o mundo. E mais nada. E meus sentimentos. E um papel, uma caneta, algumas palavras, um pouco de tempo sem mim. Algumas linhas, um contorno, um rabisco sem sentido, sem sentimentos. Procuro o sentido, procuro por mim mesmo, que procura um sentido, que te procura. Acha-me. Encaixa-me. Ama-me. Tenha-me. Por que sou teu. Por que sou de todos. E não sou de ninguém. Algumas linhas. Um começo, um final, mais um rabisco. Sem sentido. Por que não existe sentido. 
Em nada. No nada. Por nada. De nada.
Procuro algum sentido, procuro por mim mesmo que procura algum sentido. Uma linha. Procuro meus sentimentos. Procuro palavras. Procuro. 

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